Se existe destino ele tem sido muito irônico comigo, o Douglas sempre diz isso, mas nunca coube tão bem a uma situação vivida por mim. Se não é irônico, ou é muito brincalhão, ou gosta de tirar onda com a minha cara mesmo...
Mira essa cena!
Dirijo desde sempre, comecei com um mini-bug quando tinha apenas 8 pra 9 anos, se pensar bem é um tempo bem precoce pra uma menina, mas é a verdade... eu com 9 anos dava cavalinho-de-pau por aí...
Depois do mini-bug foi um cart, depois do cart um escort, depois do escort uma D20, aos 16 anos meu pai não deixava mais eu pegar o carro, não que ele tenha se revoltado ou que achasse que eu não era boa no volante, o problema era que eu com 16 anos já estava muito confiante e queria dirigir na cidade, mas papai em sua posição honesta e militar nunca permitiu.
De vez em quando ainda pegava o carro do meu vô, mas claro, meu pai nem sonhava com umas coisas dessas, até porque ele é um policial e sua filha tinha que dar o exemplo. Ou seja, ele escolhe a profissão e eu que pago o pato! Até aí tudo jóia!
Aos 17 cursei o primeiro ano de jornalismo, aos 18 consegui um estágio na faculdade. Araçatuba (a cidade em que estudo) tem uma distância de aproximadamente 70km da cidade em que moro (Avanhandava), o que seria uma distancia até que ‘encarável’ se a giringonssa que me leva até a faculdade não fosse o mesmo ônibus que me levava pra escola quando eu ainda cursava o pré. Minha mãe fica até feliz de ser o ‘dragão’ (apelido carinhoso dado ao ônibus pelos alunos) que me leva pra faculdade... Ela sempre diz: - Pelo menos sei que o motorista não vai correr. Primeiro: porque o ônibus não corre. Segundo: porque se o motorista passar de 60km/h o ônibus pode se decompor.
Aprendi hoje na aula da Ayne que quando a gente fala sobre um tema sem analisar as mais variadas hipóteses que esse tema pode abordar a gente reduz o texto, ou seja, nós cometemos uma redução.... A minha mãe cometeu uma redução em dose dupla nesse caso. Por três motivos. A) Se acontecer algo os alunos morrem de tétano e não por excesso de velocidade. 2) O dragão não corre, mas pode explodir a qualquer momento. Ultimo, o cheirinho que fica na roupa é super agradável, porém um pouco prejudicial para pessoas que tem problema de alergia.
Com essa vida de viajar de dragão todos os dias, eu não tinha tempo pra nada. Saia de casa todos os dias as 5h da matina pra chegar na facul 7h10, (o mais engraçado é que eu conto no passado, como se hoje tivesse mudado alguma coisa). Saia de ATA às 13h e chegava em AVA por volta das 15h. Quando era 17h30 entrava no dragão pra ir ao estágio, voltava pra Ava city, chegava 1h. Tudo isso pra quê? Pra 5h eu pegar o bus de novo.
Nesse corre, corre. Ou melhor nesse anda, anda, anda e não sai do lugar, minha tão sonhada habilitação ficou mais lerda que o dragão. Nas férias de dezembro não perdi tempo. TIREI CARTA. UFA!
Quinta-feira retrasada, passei no exame de carro. Quinta-feira passada, passei no exame de moto. Domingo passado, deixei o radiador do carro do meu pai em uma árvore.
Não teve explicação, eu todos os dias chegava em Avanhandava da facul, pegava o carro no serviço da minha mãe e ia embora (pro sítio) almoçar. Depois voltava pra ir ao estágio, chegava 1h e ia pra casa ainda, sozinha e no escuro (modo de dizer, porque até então o carro ainda tinha farol). Num descuido (e que descuido hein, vamos combinar) a sarjeta entrou em baixo do pneu e a àrvore pulou na frente do meu carro. Foi um complô horrível conta mim. Até o volante voou na minha boca, que começou a sangrar descontroladamente. Na hora pensei, putamerda, todo mundo sofre acidente e perde uma perna ou um braço eu fui perder logo a língua meu!
Na excitação do momento peguei o celular de não sei quem e liguei pra minha vó... Falei; - Vó, fala pro meu pai que eu bati o carro e o pneu ta preso nas ferragens por isso não consigo tirar o carro da calçada. Desliguei. Minha vó correu em casa (no sítio tem duas casas uma minha e outra da minha vó, a distancia é de uns 500m) e disse ao meu irmão que eu tinha batido o carro e que não sabia o que tava preso nas ferragens. Meu irmão em seus 11 anos e no auge de sua imaginação disse: - Pai, a Ari bateu o carro e ta presa nas ferragens. Meu pai, coitado, o cara mais sangue frio que eu já vi na vida pra essas coisas, não conseguia nem dar partida na moto... Em uma moto de partida elétrica.
Dizem que quando você está pra morrer a gente vê a vida toda passar diante dos olhos. Afirmo com certeza, é mentira. A gente não vê, e depois que passa pensamos na maneira em que vamos morrer mais pra frente. No meu caso tava pensando de que maneira meu pai ia me matar. Tava torcendo pra ele (como um bom militar) não usar o saco.
Quase desmaiei quando ele chegou. Meu irmão desesperado gritava comigo: - Calma Ari, calma Ari não foi nada! Você bateu a cabeça? Ari, fala comigo... pelo amor de Deus se você entrar em um túnel, fique longe da luz!.... Pobre do meu irmão tava mais desnorteado que eu.
Sem falar na velhinha que tava em cima da calçada, que eu quase matei. Ela ficou com tanta dó de mim, que pedia para o meu pai não brigar comigo por tudo o que é mais sagrado. Meu pai muito nervoso gritou com a velha: - Ela é minha filha, e a bosta do carro é meu. Se ela quiser dar ré e bater na àrvore de trás ela pode, porque essa merda é minha e quem vai arrumar sou eu!
Pensei: se eu soubesse tinha vindo de jipe, assim batia algo que eu não ia precisar! E dava ré ainda, pra árvore de trás não se sentir menos prezada.
Hoje quando entrei no ônibus foi um silêncio constrangedor, como se todos do ônibus pensassem, fique quieto, se a gente zuar ela pode passar em cima de nós qualquer dia desses.
Mira essa cena!
Dirijo desde sempre, comecei com um mini-bug quando tinha apenas 8 pra 9 anos, se pensar bem é um tempo bem precoce pra uma menina, mas é a verdade... eu com 9 anos dava cavalinho-de-pau por aí...
Depois do mini-bug foi um cart, depois do cart um escort, depois do escort uma D20, aos 16 anos meu pai não deixava mais eu pegar o carro, não que ele tenha se revoltado ou que achasse que eu não era boa no volante, o problema era que eu com 16 anos já estava muito confiante e queria dirigir na cidade, mas papai em sua posição honesta e militar nunca permitiu.
De vez em quando ainda pegava o carro do meu vô, mas claro, meu pai nem sonhava com umas coisas dessas, até porque ele é um policial e sua filha tinha que dar o exemplo. Ou seja, ele escolhe a profissão e eu que pago o pato! Até aí tudo jóia!
Aos 17 cursei o primeiro ano de jornalismo, aos 18 consegui um estágio na faculdade. Araçatuba (a cidade em que estudo) tem uma distância de aproximadamente 70km da cidade em que moro (Avanhandava), o que seria uma distancia até que ‘encarável’ se a giringonssa que me leva até a faculdade não fosse o mesmo ônibus que me levava pra escola quando eu ainda cursava o pré. Minha mãe fica até feliz de ser o ‘dragão’ (apelido carinhoso dado ao ônibus pelos alunos) que me leva pra faculdade... Ela sempre diz: - Pelo menos sei que o motorista não vai correr. Primeiro: porque o ônibus não corre. Segundo: porque se o motorista passar de 60km/h o ônibus pode se decompor.
Aprendi hoje na aula da Ayne que quando a gente fala sobre um tema sem analisar as mais variadas hipóteses que esse tema pode abordar a gente reduz o texto, ou seja, nós cometemos uma redução.... A minha mãe cometeu uma redução em dose dupla nesse caso. Por três motivos. A) Se acontecer algo os alunos morrem de tétano e não por excesso de velocidade. 2) O dragão não corre, mas pode explodir a qualquer momento. Ultimo, o cheirinho que fica na roupa é super agradável, porém um pouco prejudicial para pessoas que tem problema de alergia.
Com essa vida de viajar de dragão todos os dias, eu não tinha tempo pra nada. Saia de casa todos os dias as 5h da matina pra chegar na facul 7h10, (o mais engraçado é que eu conto no passado, como se hoje tivesse mudado alguma coisa). Saia de ATA às 13h e chegava em AVA por volta das 15h. Quando era 17h30 entrava no dragão pra ir ao estágio, voltava pra Ava city, chegava 1h. Tudo isso pra quê? Pra 5h eu pegar o bus de novo.
Nesse corre, corre. Ou melhor nesse anda, anda, anda e não sai do lugar, minha tão sonhada habilitação ficou mais lerda que o dragão. Nas férias de dezembro não perdi tempo. TIREI CARTA. UFA!
Quinta-feira retrasada, passei no exame de carro. Quinta-feira passada, passei no exame de moto. Domingo passado, deixei o radiador do carro do meu pai em uma árvore.
Não teve explicação, eu todos os dias chegava em Avanhandava da facul, pegava o carro no serviço da minha mãe e ia embora (pro sítio) almoçar. Depois voltava pra ir ao estágio, chegava 1h e ia pra casa ainda, sozinha e no escuro (modo de dizer, porque até então o carro ainda tinha farol). Num descuido (e que descuido hein, vamos combinar) a sarjeta entrou em baixo do pneu e a àrvore pulou na frente do meu carro. Foi um complô horrível conta mim. Até o volante voou na minha boca, que começou a sangrar descontroladamente. Na hora pensei, putamerda, todo mundo sofre acidente e perde uma perna ou um braço eu fui perder logo a língua meu!
Na excitação do momento peguei o celular de não sei quem e liguei pra minha vó... Falei; - Vó, fala pro meu pai que eu bati o carro e o pneu ta preso nas ferragens por isso não consigo tirar o carro da calçada. Desliguei. Minha vó correu em casa (no sítio tem duas casas uma minha e outra da minha vó, a distancia é de uns 500m) e disse ao meu irmão que eu tinha batido o carro e que não sabia o que tava preso nas ferragens. Meu irmão em seus 11 anos e no auge de sua imaginação disse: - Pai, a Ari bateu o carro e ta presa nas ferragens. Meu pai, coitado, o cara mais sangue frio que eu já vi na vida pra essas coisas, não conseguia nem dar partida na moto... Em uma moto de partida elétrica.
Dizem que quando você está pra morrer a gente vê a vida toda passar diante dos olhos. Afirmo com certeza, é mentira. A gente não vê, e depois que passa pensamos na maneira em que vamos morrer mais pra frente. No meu caso tava pensando de que maneira meu pai ia me matar. Tava torcendo pra ele (como um bom militar) não usar o saco.
Quase desmaiei quando ele chegou. Meu irmão desesperado gritava comigo: - Calma Ari, calma Ari não foi nada! Você bateu a cabeça? Ari, fala comigo... pelo amor de Deus se você entrar em um túnel, fique longe da luz!.... Pobre do meu irmão tava mais desnorteado que eu.
Sem falar na velhinha que tava em cima da calçada, que eu quase matei. Ela ficou com tanta dó de mim, que pedia para o meu pai não brigar comigo por tudo o que é mais sagrado. Meu pai muito nervoso gritou com a velha: - Ela é minha filha, e a bosta do carro é meu. Se ela quiser dar ré e bater na àrvore de trás ela pode, porque essa merda é minha e quem vai arrumar sou eu!
Pensei: se eu soubesse tinha vindo de jipe, assim batia algo que eu não ia precisar! E dava ré ainda, pra árvore de trás não se sentir menos prezada.
Hoje quando entrei no ônibus foi um silêncio constrangedor, como se todos do ônibus pensassem, fique quieto, se a gente zuar ela pode passar em cima de nós qualquer dia desses.
10 comentários on "Ironia do Destino"
Realmente Ariella: Se existe destino ele é bem irônico... Sua narrativa está de parabéns! Seria cômica se não fosse trágica! bjs e se cuide!
Oi Ariella, que coisa hein? Não esquenta não! Eu já cansei de detonar o carro em alvos estáticos... rsrsrs... Ainda bem que foi a roda que ficou presa nas ferragens! Grande bjo!
Olá, Ari. Estou dando muita risada. Você tem o dom de transformar suas tragédias em textos tão engraçados e bem escritos que é impossível não ler até o final. Sinto muito pelo carro do seu pai. Essas sarjetas costumam mesmo invadir a rua. E não duvidaria nada se a árvore não tivesse sido a mentora intelectual desse acidente... rs rs... Parabéns, mil vezes. Vc escreve como ninguém. Raramente vejo um texto assim que conta as tragédias da vida real de forma tão sensacional. Quando às aulas, prometo que vou separar vc e a Lu no próximo trabalho. Para falar a verdade, acho que não vou não. Também dei muitas risadas com as brigas. rs rs. Abração.
Ooooooooooooo senhor!
Tadim desse carro!
Haushuahsuahushaushuas
E o Grillo gritando: filho meu bate o que é meu!!!
Beeeeeeejo
Mi
http://magricelanapanela.zip.net
olha sinceramente eu nao sei se rio da sua situação ou choro por vc das duas uma o mundo da voltas e quando estamos naqueles dias tudo pode acontecer tipo tudo mesmo infelicidade ou nao é a vida o pior é pensar em como seu pai ficou depois de tudo melhor nem imaginar ne?!
bom espero que seu destino mude de lado que melhore 100% de agora em diante!
Ariella do céeeeeeeuu... quantas emoções heein! Mas como já disseram aqui nos coments, seria cômico se não fosse trágico! hahahaha
e tá bombaaaando.. texto lido na aula e td! :P
Parabéns!
beeijoo.
e me linka ae!!
Olá Ariella!!
Ao ler seu texto, fiquei pensando como meu pai reagiria numa situação dessas!! Com ctz ele tbm ficaria puto comigo! rs
Ótimo texto! ;)
Beeeijos! Bom fds!
Nossa! É foda qdo acontece esse tipo de coisa né?
Mais não esquenta não com o tempo tudo volta ao normal!
Beijão
ps: Tu escreve mto bem viu!
Apesar do assunto do texto ser tragico é mto engraçado! rs
Muito bom. Quase tive um troço de tanto rir. Apesar da desgraça que deve ter sido e do susto que sua família levou.
Boa Páscoa!
aiaiai....
prima...axo q nunka ri tanto na minha vida!!!rsrs
como já foi dito....seria comico...se naum fosse trágico!!rsrs
bjuxx....
te amul!!!
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